#10 - 1º lugar no ProAC ☆
Nessa news, falo em mais detalhes sobre o percurso de "O Corpo de Laura" como vencedor do ProAC em 2022.
Olá,
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Aqui, falo sobre literatura, processos criativos e escrita desde o início de 2021. Nessa nova versão, passo a usar esse cantinho com maior enfoque no meu novo projeto, O Corpo de Laura, que consiste na produção de uma plaquete e, posteriormente, de um livro, em que exploro as linguagens da poesia e da fotografia a fim de investigar as temáticas do Corpo, da Identidade e da Linguagem no contexto do ser mulher.
No ano passado, esse projeto foi contemplado no Edital de Publicação Inédita em Poesia do ProAC (Programa de Ação Cultural da Secretaria de Cultura e Economia Criativa do Governo do Estado de São Paulo) em primeiro lugar. Ou seja, o meu trabalho foi reconhecido e terá a sua publicação por meio de um Edital importante!
Desta forma, penso a newsletter também como um espaço para partilhar o que venho fazendo com o projeto, sua execução, minhas reflexões, dúvidas e indagações. Além de suscitar novos diálogos partindo da discussão que proponho em O Corpo de Laura, também tenho interesse em aproximar a minha dinâmica com o ProAC com os leitores, trazendo de forma mais crua e detalhada a experiência de se publicar por meio de um edital.
Nesta news, comento um pouco dos meus processos com o ProAC 2022, no qual “O Corpo de Laura” venceu, em 1º lugar, o Edital de Publicação Inédita em Poesia.
Vem comigo?
Você sabia que “O Corpo de Laura” foi o projeto vencedor do Edital de Publicação Inédita em Poesia do ProAC 2022? Isso mesmo - eu não só passei, como também obtive o primeiro lugar. E, nessa newsletter, venho falar um pouco dessa experiência :)
Como surge o projeto “O Corpo de Laura”?
As ideias mais embrionárias do que viria a se tornar “O Corpo de Laura” surgem em plena Pandemia, entre o final de 2020 e o início de 2021. Foi um momento em que passei a investigar a ideia de corpo dentro da poesia, partindo em busca de ferramentas para acessar tanto a questão sensorial quanto uma compreensão política acerca desta noção.
Descobri que a escrita só não bastava - era preciso movimento e diálogo. Passei, então, a expandir a minha investigação para a fotografia. Mas foi só a partir da imersão na série “Twin Peaks” (1990-1991), de David Lynch e Mark Frost que encontrei um chão para essas inquietações iniciais, visto o caráter atmosférico e psicanalítico da obra.
Em dado momento, essas questões se tornam tão pungentes à minha vida que se tornam um “norte” na minha produção, seja na poesia, no @matryoshkabooks ou dentro da academia. Em meados de 2021, decidi estudar corpo, escrita e testemunho em “O Martelo”, de
O nome “O Corpo de Laura” aparece pela primeira vez em um exercício do CLIPE, no módulo da poeta Bruna Mitrano, cujo eixo é realmente esse - o corpo. Gostei tanto desse título que resolvi guardá-lo para um momento posterior, e a partir dele fui observando uma unicidade em minha poesia. Desta forma, começo a alimentar a publicar um livro com essas produções sob este título.
Como me organizei?
Já com o desejo de concretizar o título “O Corpo de Laura”, realizo um primeiro experimento de publicação - a plaquete, que surge como um projeto tanto da faculdade quanto como de uma oficina.
Mais distanciada da proposta original, como se estivesse cronologicamente à frente da narrativa do Corpo de Laura, a plaquete já trazia não só o texto escrito, mas explora a fotografia enquanto recurso narrativo.
Essa tentativa de unir os elementos, aspectos e discussões que me atravessavam foi bem-sucedida. Desta forma, me senti mais segura e confiante em começar a planejar o projeto do livro, mais robusto.
Num caderno, fui anotando todas as ideias - elaborei um esqueleto inicial do projeto, como a sequência de seções, o número de páginas, de poemas e de fotografias esperado. Também elenquei editoras, pessoas que eu gostaria de convidar para participar (como leitor crítico ou prefacista, por exemplo) e uma ideia inicial de orçamento:
Por que o ProAC?
Desde o início, a minha intenção era tentar um Edital do ProAC (Programa de Ação Cultural da Secretaria de Cultura e Economia Criativa do Governo do Estado de São Paulo). Isso porque o ProAC, além de oferecer recursos mais robustos para a publicação, também promove uma maior circulação do trabalho contemplado, tanto de maneira simbólica (já que ser contemplado atribui credibilidade) quanto de forma prática.
Uma das preocupações do ProAC é com a relevância social de um projeto, fomentando sua viabilização para espaços como Bibliotecas Públicas, Escolas Municipais e Estaduais, Centros Culturais, etc.
Como “O Corpo de Laura” traz questões relacionadas à subjetividade da mulher dentro de um sistema de opressão, um dos meus objetivos é acessar mulheres e crianças em situação de vulnerabilidade ou violência. Com o ProAC, seria possível alcançar esse público promovendo palestras e oficinas em espaços como os CDCMs (Centro de Defesa e de Convivência da Mulher) e os SPVVs (Serviço de Proteção Social à Criança e Adolescente Vítimas de Violência).
A inscrição (ou: por que as redes de apoio são tão importantes?)
Apesar de desejar tentar o ProAC, fiquei muito insegura num primeiro momento. O fato de ser muito jovem e pouco conhecida pesaram bastante, mas uma coisa me ajudou a levantar e dar a cara a tapa - as redes de apoio que fui formando.
Quando soltei, numa conversa de bar, que pensava em me inscrever no ProAC, o escritor Jorge Filholini me mostrou o caminho das pedras: me orientou sobre a inscrição, sobre os processos e sobre os prazos. Esse incentivo foi crucial para me motivar a realmente tentar, mesmo que fosse apenas para ver como funcionava.
Mais para frente, quando optei oficialmente pela Mocho Edições, fiz algumas reuniões junto da minha editora, Deborah Leanza, que me trouxe uma visão mais ampla do funcionamento do edital. Desta maneira, consegui passar o meu esqueleto inicial para um planejamento mais sisudo e encadeado.
Algumas semanas antes da entrega oficial, também fiz uma espécie de mentoria junto à escritora Tatiana Lazzarotto, que também foi contemplada pelo ProAC, em 2020, com o livro “Quando as Árvores Morrem” (Claraboia).
Nessa conversa, tive a oportunidade de conhecer a experiência de uma mulher com o Edital, o que me mostrou, de certa forma, o lugar social da minha “Síndrome da Impostora”. Por esse motivo, esse encontro foi potente e me fortaleceu muuuito na preparação para a etapa da inscrição!
Para a minha surpresa, eu não só fui contemplada, como venci em 1º lugar! 🎉🎉
E agora? Como tem sido?
Até o momento, tem sido muito divertido, leve e encorajador todo o meu processo com o ProAC, como tenho comentado por aqui semanalmente. Mas acho que uma das coisas mais importantes que vejo o ProAC proporcionar é a possibilidade de ser mais eu mesma em todos os processos que envolvem o projeto.
Em janeiro, saiu a plaquete “O Corpo de Laura” (Mocho Edições), que contou com serviços de Leitura Crítica, Mentoria Fotográfica e Comunicação em mãos de profissionais incríveis com quem eu já desejava trabalhar graças ao financiamento do ProAC.
Além disso, o projeto está voando bastante! Na semana da pré-venda, aparecemos em veículos como o PublishNews. Logo após o lançamento, “O Corpo” foi mencionado no Listão da Quatro Cinco Um de Fevereiro:
Nessa última semana, a plaquete também recebeu a sua primeira resenha, num texto-percurso muito bonito escrito pela escritora cearense Nádia Camuça, que você confere aqui!!
No momento, além de colher e maturar tudo que tem acontecido desde o lançamento da plaquete, também enxergo um amadurecimento meu tendo em vista os processos que envolvem “O Corpo de Laura” e a mim mesma como vencedora de um Edital e, acima de tudo, como poeta.
Por fim, atualmente estou me dedicando à escrita do livro “O Corpo de Laura” e à construção das contrapartidas (onde entra a relevância social) e da divulgação do projeto, que inclui meu Instagram e essa Newsletter :)
Estou começando a me deparar com algumas angústias no processo de escrita. Tenho revisitado alguns textos mais antigos, que são bastante dolorosos. Ao mesmo tempo, tenho encontrado produções bem longas, algumas em prosa, algumas em verso (com 3 ou 4 páginas). Estou receosa de não ser concisa - meu original em Word já passa de 100 páginas, e a maioria dos livros de poesia que conheço são curtíssimos, não passando de 70 páginas.
Por outro lado, tenho visualizado outras possibilidades de leitura (quiçá, catalogação) do meu original. Recentemente, ouvi um podcast sobre Romances de Formação, e comecei a pensar que a narratividade - ou a ideia de (re)fazer-se corpo em “O Corpo de Laura” talvez entrasse como um Romance de Formação. Coincidentemente (e eu não acredito em coincidências), no dia seguinte, uma amiga me lançou a pergunta “você considera ‘O Corpo’ como romance de formação?”.
Há algumas horas, o Diego Perez
me trouxe um termo riquíssimo: Künstlerroman. Segundo a Wikipedia, essa é uma palavra alemã para definir uma obra que traz o processo de formação de um artista.Se Laura se remolda e enfrenta o mundo a partir da [palavra], de forma parecida à minha concepção de escrita, talvez esse seja o termo mais preciso até agora. E ele parece abarcar as tensões entre ficção x autoficção, público x privado, eu x o outro, o duplo - a definição fronteiriça que atravessa toda a história de “O Corpo de Laura”.
Mas isso é apenas um alento - pela minha angústia de ter um livro de poemas tão robusto no momento, ou pela minha inabilidade em definir esses textos em prosa (embora eles realmente acrescentem ao material). O que é curioso, pois eu (e a personagem) só nos definimos quando decidimos pelo movimento, pela transformação via escrita, e quando nos recusamos à rigidez.
Contradições, né não? Rs
INDICAÇÕES:
#01 - PODCAST: Romances de formação, com Kelly Cominoti / Abstração Coletiva #16, de Abstração Coletiva
Neste episódio do podcast Abstração Coletiva, a host Luana Werb conversa com Kelly Cominoto, professora e mediadora do clube de leitura Aventuras na Leitura, sobre Romances de Formação. Além de discutirem uma definição mais precisa do gênero, Werb e Cominoto também o contextualizam comentando sobre alguns títulos, como “O Fazedor de Velhos”, de Rodrigo Lacerda.
*obs: esse é o podcast que menciono no Diário de Processos desta newsletter :)
Escute o podcast aqui: spoti.fi/40jaEnX
#02 - PODCAST: Texto literário: quando, como e de maneira cortar?, de Litterae- O seu podcast de Literatura
Neste podcast, os escritores Anita Deak e Paulo Salvei comentam sobre o processo de reescrita, mais especificamente, sobre a importância dos cortes em algumas passagens de um livro - a fim de não sobrecarregar o projeto - bem como da necessidade de distanciamento e de desapego que eles envolvem. O episódio também elenca a relevância de leitores externos (em especial, os leitores beta) nesses processos.
Escute o podcast aqui: spoti.fi/3Z3PMjE
NOVIDADES & LANÇAMENTOS:
#01 - CHAMADA ABERTA: Originais de Romance e Conto, de Editora Primata
A Editora Primata, conhecida por suas plaquetes em poesia, abre chamada para a publicação de originais nos gêneros romance e conto, que integrarão a coleção inédita “Verão no Aquário”.
Saiba mais por aqui: bit.ly/3JkYFzy