#32 Diário de Processos | FLIP 2023
Durante o tempo em que estive viajando para a FLIP (Festa Literária Internacional de Paraty), resolvi escrever um pequeno diário, com anotações, vivências e sensações mais intimistas dessa experiência
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Por aqui, falo sobre literatura, processos criativos e escrita desde 2021.
Ao final de 2022, migrei para o Substack e, desde então, dedico esse espaço para falar do meu projeto, O Corpo de Laura, que venceu o primeiro lugar do Edital de Publicação em Poesia do ProAC (Programa de Ação Cultural da Secretaria de Cultura e Economia Criativa do Governo do Estado de São Paulo).
Em uma plaquete e um livro, O Corpo de Laura busca explorar as linguagens da poesia e da fotografia a fim de investigar as temáticas do Corpo, da Identidade e da Linguagem no contexto do corpo feminino.
Nesta newsletter, quero compartilhar com você o meu processo com o projeto, refletindo também sobre a experiência de participar de um Edital.
Diário de Processos | FLIP 2023
Durante o tempo em que estive viajando para a FLIP (Festa Literária Internacional de Paraty), resolvi escrever um pequeno diário, com anotações, vivências e sensações mais intimistas dessa experiência. Nessa edição, apresento esse diário.
24/11 - entrada #01
São 17h30. Faltam algumas poucas horas para o meu embarque até Paraty. Resolvi escrever este diário, com uma entrada de, no máximo, uma página, para os dias (são dois, na verdade). A ideia é emergir um pouco e também partilhar como essa experiência chega até mim da forma mais crua e verdadeira possível.
No momento, estou bem ansiosa. É a primeira vez que viajo sozinha. Ao longo do dia, além de organizar minha mala e separar algumas coisas essenciais, como RG, pratiquei a leitura dos poemas que pretendo apresentar no sarau "Poesia é o que nos Sustenta", um convite da poeta Calí Boreaz. São, ao todo, 04 textos, além de 03 extras, caso sobre tempo. Abrir o meu livro sempre me desperta o desejo de continuar experimentando esse corpo, e, na performance, acho que posso colocá-lo de fato para jogo.
Aliás, fico tão feliz que "O Corpo de Laura" foi acolhido pela FLIP, ultrapassando as fronteiras da minha cidade. Vou encontrar tanta gente que eu já queria conhecer! E tanta gente nova vai ter a oportunidade de conhecer o meu trabalho com a poesia… Será bonito!
25/11 - entrada #02
Chego em Paraty aproximadamente umas 6 horas da manhã. Já sinto o tom e o ritmo da cidade, mas a primeira coisa que faço é descansar.
Quando já estou desperta o suficiente, é hora de partir para a FLIP. Com dificuldade para me locomover pela cidade, optei pelo uso de táxi (algo que não recomendo, já que o preço é tabelado e muitas vezes não chega aos espaços onde acontece a Festa).
Durante boa parte da Festa, fico transitando pela Casa Gueto, onde estava localizada a editora Aboio, que estava vendendo alguns exemplares de "O Corpo de Laura", atividade a qual me dediquei bastante, mas não só - quis ir atrás de alguns lançamentos, alguns livros, encontrar e conversar com algumas pessoas que não costumo ver em São Paulo, incluindo algumas clientes da com.tato. Ao fim do dia, minha sacola estava tão cheia que praticamente não cabia na mala.
Mas o ponto alto do dia foi mesmo o sarau "Poesia que nos sustenta", organizado pela Calí Boreaz, uma poeta que particularmente admiro muito. Decidi me produzir e trazer os poemas que eu havia treinado. Realizado em formato de rodadas, percebi, curiosamente, que todos os textos que escolhi anteriormente estavam em perfeita sincronia com os temas propostos pela Calí - linguagem, solidão, revolução. Tive a oportunidade também de ler, pela primeira vez, o poema "Aos Sete" em voz alta. E, também, de conhecer a voz de outros poetas - como Letícia Leal e Luiza Leite Ferreira.
Foi tão espontâneo e tão bonito esse acontecimento, que confrontava com as chuvas que vem assolando a cidade nos últimos dias.
No resto do dia, voltei para a Casa Gueto. Sem saber me localizar direito pela cidade ainda, decidi ficar apenas em espaços com os quais estava familiarizada. Mas, com a sensação de familiaridade com o caminhar pelas ruas de pedra em meio a livros e rostos conhecidos, fui aprendendo a me mapear melhor.
26/11- entrada #03
São 23:50. Acabo de chegar em casa com algumas ideias de conteúdo sobre a FLIP. Ao mesmo tempo, sei que deveria descansar um pouquinho.
Num geral, a experiência da FLIP me deixou de coração quentinho, com algumas esperanças. Acho que perdi um dos livros que comprei no meio do caminho. Como isso é possível? Estou escrevendo de forma automática agora. Mas digo esperança porque, como boa impostora, nunca me acho o suficiente. Nunca acho meu trabalho o suficiente. É difícil me ver e me valorizar, ver onde "O Corpo de Laura" chegou. Felizmente, em Paraty, ao encontro de poetas e autores com quem tenho menos contato em São Paulo, percebi que "O Corpo de Laura" vem circulando e circulando de forma positiva. Gente que eu não conhecia vindo me prestigiar de alguma forma. Isso pra mim é muito valioso. Eu nunca quis ser famosa com a literatura, mas despertar discussões, sensações e reflexões nos outros. E creio que consegui. O duro vai ser me manter acreditando nisso.
💌 CONVITE: Oficina "Sensação, Sonho e Linguagem: O Corpo como Texto"
Tenho um convite super especial para você!
No mês de dezembro, estarei oferecendo a oficina gratuita "Sensação, Sonho e Linguagem: O Corpo como Texto", que estreia a plataforma de cursos da com.tato comunicação.
A oficina tem como base o meu próprio processo criativo, focando na ideia de corpo, sentido e sonho. Para apresentar essa dinâmica e propor novas formas de encarar o fazer poético, vamos embarcar na poesia contemporânea escrita por mulheres e referências do cinema, trabalhando com a ideia do inconsciente enquanto voz do corpo e, com a escrita, como resgate dessa voz.
Serão propostos exercícios envolvendo procedimentos como escrita automática e disparadores sinestésicos e atmosféricos.
E aí, ficou interessado? Mais detalhes abaixo:
Datas da Oficina: 7, 9, 14 e 16 de dezembro, das 19h às 21h30
Inscrições: https://bit.ly/4164md8
O Corpo de Laura indica
LANÇAMENTO: "Escamas de Mil Peixes", de
(Editora Patuá)Livro de estreia da poeta de Jaú Maitê Lamesa, "Escamas de Mil Peixes" é um lançamento da Editora Patuá que aconteceu oficialmente na FLIP. Com orelha de Tatiana Lazzarotto, o livro se propõe a ser um "cardume de poemas", reunindo produções de cerca de 15 anos que perpassam desde temas como a metapoética à maternidade.
🔗 compre aqui: https://bit.ly/3uGpNp4
LANÇAMENTO: "O Cordeiro e os Pecados dividindo o Pão", de Milena Martins Moura (
)Lançamento da poeta carioca Milena Martins Moura, "O Cordeiro e os Pecados dividindo o Pão" se propõe enquanto um exercício de subversão que parte do erotismo feminino, pesquisa que a autora vem empreendendo já há alguns anos. (OBS: esse é o livro que está ao meu lado na fotinha da newsletter).
🔗 compre aqui: https://bit.ly/3MKkGtY
Esse sarau foi mesmo especial! Adorei te ouvir.