#33 O que ficou? | Mas e a plaquete?
Comento a importância dessa publicação menor no meu processo criativo, bem como a diferencio do livro.
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Por aqui, falo sobre literatura, processos criativos e escrita desde 2021.
Ao final de 2022, migrei para o Substack e, desde então, dedico esse espaço para falar do meu projeto, O Corpo de Laura, que venceu o primeiro lugar do Edital de Publicação em Poesia do ProAC (Programa de Ação Cultural da Secretaria de Cultura e Economia Criativa do Governo do Estado de São Paulo).
Em uma plaquete e um livro, O Corpo de Laura busca explorar as linguagens da poesia e da fotografia a fim de investigar as temáticas do Corpo, da Identidade e da Linguagem no contexto do corpo feminino.
Nesta newsletter, quero compartilhar com você o meu processo com o projeto, refletindo também sobre a experiência de participar de um Edital.
O que ficou? | Mas, e a plaquete?
De vez em quando, ela aparece e me pergunta se deixou de lado seu protagonismo. Não sei muito bem o que responder - sei que ela fez e faz parte, com força, do processo criativo de "O Corpo de Laura", mas, ao mesmo tempo, é tão somente um capítulo, um momento fincado.
Vejo que algumas pessoas têm muita dificuldade, num geral, em localizar a ideia da plaquete. Explico, é uma espécie de zine, uma publicação menor, com teor mais experimental. Ali, o autor busca mesmo é ver como concatena determinados temas, como trabalha com determinado estilo de linguagem. Por esse mesmo motivo, pode também ser uma forma de apresentar seu processo criativo ao mundo!
No caso de "O Corpo de Laura", a plaquete foi pensada para ser exatamente isso: uma territorialização do meu processo criativo no mundo, indicando o capítulo final da trajetória de Laura - que não se fez de forma trágica, mas desejante, pulsante, delirante (como disse o
nessa newsletter).Como uma fatia do meu processo colocada no mundo, a plaquete me fez mergulhar melhor e repensar algumas escolhas. O tipo do papel usado no livro, por exemplo, é diferente - eu queria destacar as cores das fotografias, algo que, na publicação da plaquete, não tinha dado certo.
Ao mesmo tempo, lançar esse pedaço do projeto ao mundo também me trouxe reflexões acerca do uso da linguagem e da construção poética que tomou forma no livro. Ou seja, me ajudou a melhorar a lapidação do meu texto, com maior consciência da minha experimentação e como ela poderia ser recepcionada.
De qualquer forma, ambas têm o mesmo nome - "O Corpo de Laura"- e isso traz, obviamente, confusão ao público. Talvez eu devesse dar um subtítulo - "teaser" e "filme" - na próxima edição. Mas sei que, para além do nome, existe uma noção geral pouco acurada sobre as plaquetes.
Outra coisa a ser ressaltada é que a plaquete também se refere a um momento mais específico - o Centenário da Semana de Arte Moderna de 1922 - passando-se no Centro de São Paulo, berço do movimento. É a partir dos conceitos do Modernismo Brasileiro, então, que são colocadas as noções de corpo, duplo, violência e sexualidade. Por outro lado, aqui, a influência lyncheana é menos forte.
Gosto de dizer que este, portanto, é um corpo de fogo - fogo porque trata de ações, tanto da personagem quanto do processo. Ao mesmo tempo, podemos dizer que, no livro, o corpo é feito de água, do interno, da fecundação. Que, para existir, precisa de um empurrãozinho, inevitavelmente.
Entendo, às vezes meio frustrada, que talvez ter publicado duas obras com o mesmo nome com um intervalo curto ceifou algumas oportunidades, como ser publicada em algumas revistas e jornais, que se confundiram. Porém, também entendo que, de forma processual, é importante (e muito rico!) darmos caminhos para experimentar nossos projetos, ainda que de forma pequena. Criação vem antes da fama e do sucesso, sempre pensei dessa forma, afinal.
Para mim, talvez, o tempo da plaquete já tenha findado - pelo curto número de páginas, pelo eixo temático único, por já ter servido ao seu objetivo criativo. É a energia do livro que toma seu lugar, imperiosa. Entretanto, antes dele, a plaquete foi necessária para que ele existisse - e isso jamais deve ser esquecido.
Apanhadão geral da Semana
Grifo de poema de "O Corpo de Laura" no Instagram da Dia Nobre: https://bit.ly/3t9bKYM
"O Corpo de Laura" na FLIP da Luiza Leite: https://bit.ly/3Ru6Izl
Sendo indicada na seleção de 5 newsletters da Beatriz Caldas: https://bit.ly/3uUAc0d
Oficina "Sensação, sonho e linguagem" sendo indicada pela Júlia Vita: https://bit.ly/482BuVq
O Corpo de Laura indica
PLAQUETE: "Laboriosa - produções poéticas", de Laboriosa Produções Poéticas (org. Júlia Vita)
Estreia dos trabalhos editoriais do Laboriosa - Produções Poéticas, iniciativa de pesquisa e produção em poesia homônima, a plaquete reúne 9 autores ligados ao projeto, como Bruno Pacífico e Nathália Ranny. Com 3 produções de cada autor, a ideia da plaquete é apresentar não só o que vem sendo realizado dentro do Laboriosa, mas também colocá-lo no mundo enquanto iniciativa editorial, tendo sido lançado na FLIP deste ano.
🔗 compre aqui: https://bit.ly/4aaxfsB
VIDEOCAST: "Quando eu sei que meu livro está pronto", de Elas na Escrita
Neste episódio da nova temporada do videocast Elas na Escrita, coordenado por Isabella de Andrade e Tatiana Lazzarotto, a entrevistada é a escritora Helena Machado (autora de "Memórias de Ninguém", pela editora Nós), que comenta o processo criativo de sua obra, incluindo sua finalização e publicação.
🔗 escute/assista aqui: https://bit.ly/4a7fNFv
Tou curiosa com seu livro faz um tempo, até te vi pelas ruas de Paraty. Em breve, adquirei. Gostei de saber do processo criativo do livro vinculado a plaqueta, acredito mesmo no caminho de construção artística que vai se colocando durante nossa escrita. Um abraço